Eu Tenho Uma Casinha Assim…
setembro 13, 2012 às 2:32 am | Publicado em Navios, Roteiro, Tripulantes | 1 ComentárioTags: buenos aires, buzios, empress, ilhabela, itajai, montevideu, pullmantur, restaurante, reveillon, rio de janeiro, santos, wu
Depois de fazer duas vezes praticamente a mesma rota no Brasil e na Europa, meu terceiro contrato será por outras bandas. A data de embarque saiu para um dos menores navios da pequena frota da Pullmantur, o Empress. Com capacidade para cerca de 1800 passageiros e 675 tripulantes, nós iremos fazer a rota Brasil + Argentina + Uruguai boa parte do verão. A parte boa é que esse navio é o primeiro da empresa a chegar no Brasil e o último a ir embora. Eu embarco ainda na Europa, pego alguns dias em drydock, faço o crossing e devo desembarcar ainda no Brasil, no último porto antes do navio atravessar de volta.
Como os outros barcos da cia espanhola, esse não é exatamente novo, foi lançado em 1990 e reformado em 2004. Pelo que li por ai, as cabines de passageiros são ótimas como nos outros navios, mas as de crew são para 4 pessoas. Não é o ideal, ainda mais no caso de mulheres que tem muita roupa, muito sapato, muitos cosméticos e muita tralha, mas torço para encontrar mocinhas que seja bem bacanas e, principalmente, limpinhas!
O Empress conta com 3 restaurantes. O restaurante a la carte, que é dividido em dois decks, chamado Miramar. O Panorama Buffet e o restaurante pago Wu Fusion. Pelo que ouvi dizer, e o que dá pra imaginar devido a dimensão do navio, é que o crew mess e o crew bar são bem pequenos.
Dos portos que vamos parar regularmente eu já conheço Santos, Búzios, Ilhabela e minha casa, o Rio. E estou doida para conhecer Montevideu e Buenos Aires. E ainda tem Itajaí, que me parece uma cidade feito Santos, movida pelo porto. O reveillón, como de costume, será no Rio. Adorei ver a queima de fogos do outro lado da Baia de Guanabara, e esse ano vou repetir. Espero que dessa vez sem chuva!
Bom, ainda faltam alguns dias até o embarque, mas já estou na fase de começar a arrumar as malas, fazer exames e me despedir dos amigos e da família. E quem ainda quer embarcar, corre que dá tempo. As cias ainda estão selecionando para a temporada brasileira, que só começa em novembro.
Melhorias Para Sua Cabine
setembro 10, 2012 às 9:25 pm | Publicado em Dicas | 1 ComentárioTags: copo térmico, filtro linha, ganho porta, Ipod, playstation, video game, wii, xbox
A sua cabine é a sua casa por 6, 9 ou até 11 meses. Então a ordem é transformar aquele cubículo no lugar mais confortável possível. Então, com o passar do tempo a gente vai mobiliando até ficar com a nossa cara. A minha última cabine tinha frigobar, mesa, cadeira, TV, uma bandeira do Brasil na parede, fotos por todos os lados e até um puff. Durante o contrato eu fui comprando pequenas coisas para torná-la melhor. Um exemplo disso foi a aquisição da vassoura. Na Pullmantur as cabines tem carpete. Para limpar 1x na semana a gente pega emprestado o aspirador de pó. Mas é um saco, ter que andar atrás de quem está com o aspirador. Então logo na segunda semana comprei uma vassoura, e tudo estava resolvido, minha cabine estava sempre limpa.
Muito em breve estarei voltando para um barquinho. E já comecei a listinha de compras de benfeitorias para cabine. A primeira foi essa da foto abaixo. É um gancho para porta. Você prende em qualquer porta, do banheiro ou do armário, e pode pendurar roupas, bolsas e toalhas. Isso é mágico e muito útil. Achou simples? Até encontrar isso eu já tinha tentado aqueles ganchinhos que colam na parede, mas vivem caindo. E ainda tentei colar um cabine por dentro do armário, funcionou bem por um tempo, mas a fita também acabou descolando.
Uma outra coisa útil que eu sempre levo é um filtro de linha, pois as tomadas são limitadas, normalmente duas, uma de cada voltagem. E como faz pra ligar TV, frigobar, carregar o celular e ligar o computador ao mesmo tempo? Ah, vale levar também um daqueles adaptadores universais de tomada.
Um outra coisa que eu comprei no meu primeiro contrato e amei, foi o tal do copo/caneca térmica. Sempre útil já que não é permitido termos nenhum utensílio do restaurante na cabine. Além disso, eu sempre compro no supermercado ou nas lojas de 1,99 um copo de acrilico para beber água ou qualquer outra coisa na cabine. Mas é com o térmico que você vai levar gelo ou água quente para fazer um chá. E ainda, é nele que você vai tomar sua vodka com gelo e RedBull, pois os copos do crewbar são pequenos. Rs.
Esse vai ser a minha próxima aquisição. Eu que não vivo sem música, então estou sempre com o computador ligado. Para melhorar a qualidade das festinhas na cabine ou até do clima com o namorado, nada melhor do que um dock para o Ipod. Muitos deles tem controle remoto e despertador (muito útil na vida de crew).
Tirando essas coisas essenciais acima, eu ainda leve umas fotos e uns imãs para colocar nas paredes perto da minha cama. E sempre levo a minha toalha e o meu edredon, porque eu não curto as do navio. Os meninos ainda podem querer adquirir um video game para os horários livres, e eu acho super digno, pois ainda serve como um DVD, né?
Sobre as Passagens Aéreas
setembro 8, 2012 às 8:14 pm | Publicado em Trabalho | Deixe um comentárioTags: avião, Brasil, Europa, ida, passagem aérea, ticket, USA, volta
Existem muitas especulações sobre quem paga a passagem aérea do tripulante para ele embarcar em outro estado ou país. A resposta certa é: depende da cia. Acredito que uma das poucas cias que ainda pagam o seu ticket de ida seja a Costa Cruzeiros, que banca mesmo que seu embarque seja no Brasil, mas em outro estado. Que foi o meu caso, que moro no Rio, mas embarquei em Santos, e recebi o bilhete para São Paulo, pago pela cia.
Por causa do TAC assinado em 2010, as cias de cruzeiros são obrigadas a pagar as passagens em caso de embarque fora do Brasil, mas vale somente no caso de o navio que você estiver for fazer temporada brasileira, caso contrário, a despesa é sua.
Quando eu embarquei pela Pullmantur, o navio estava em Recife, então eu tive que bancar a passagem Rio x Recife. Se fosse embarcar na Europa, a despesa também seria minha, mas com a diferença que a cia te reembolsa quando você está a bordo.
Existem cias como a Royal que a despesa é sua, sem direito a reembolso. Ou ainda como a MSC, que te cobra uma taxa fixa, que se não estou enganada é algo em torno de US$600, não importa aonde você embarque.
Até onde eu fui informada, a Disney Cruise Lines também paga o seu ticket, pois antes de embarcar você vai para o complexo Disney na Flórida fazer um curso de 1 semana, e depois que vai para o navio.
Port Manning e Drill
agosto 26, 2012 às 8:22 pm | Publicado em Rotina, Treinamento | 1 ComentárioTags: drill, port manning
Quem nunca trabalhou a bordo de um navio, pode não estar familiarizado com essas duas expressões que fazem parte da rotina de um tripulante. A primeira é como uma verbo. Sempre dizemos ‘estamos de port manning‘, ou seja, não podemos sair do navio. O port manning varia entre as cias. Em resumo, toda a tripulação é dividida em grupos, e esse grupo deve permanecer no navio. Algumas, o port manning é diário, sempre que o navio está no porto, um grupo obrigatoriamente não sai. Outras é somente quando há overnight, ou seja, quando ele passa a noite ancorado. O objetivo não é trancafiar os tripulantes, e sim sempre haver uma equipe que possa responder em caso de emergência.
Já o drill é nada menos que os treinamentos de emergência que temos que fazer. Existem diferentes tipos. Os que são direcionados somente a tripulação e os que são também para passageiros. E ainda aqueles que são específicos, que variam de acordo com a sua tarefa durante uma emergência.
Normalmente há um drill de passageiros a cada início de cruzeiro. E um drill geral somente para a tripulação por semana. E ainda um por mês, mais ou menos, no seu pequeno grupo de abandono do navio e outro no seu grupo de tarefas em caso de emergência. Eu sei que parece complicado para quem nunca ouviu falar disso, mas com o tempo as coisas ficam mais simples.
Só duas coisas. A primeira é que os treinamentos são todos em inglês, sem exceção. E a segunda é, estude! Se você não se sente confortável com seu nível de inglês, peça ajuda, mas estude mesmo assim. Com todo esse lance da tragédia do Concórdia ano passado, a fiscalização está mais frequente, e eles nos cobram conhecimento mesmo!
Sugestão: Malas!
agosto 22, 2012 às 10:41 pm | Publicado em Dicas | Deixe um comentárioTags: cabine, compras, dicas, espaço, mala, mochila, solução, sugestão
Quando embarquei pela primeira vez, eu só tinha uma mala de rodinhas pequena ou uma mochila de camping. A primeira opção foi logo descartada pois eu não ia conseguir enfiar tudo em uma mala pequena. Já a mochila foi cogitada, mas logo descartei pois não queria ficar literalmente carregando esse peso todo, então acabei comprando outra mala.
Comprei uma mala tamanho M, com aquele rodízio de rodinhas que giram para todos os lados na parte de baixo. Me serviu, e me serve bem, até hoje. Esse rodízio facilita e muito a nossa vida na hora de arrastar de uma lado para o outro. Essas rodinhas a mais significa que você não necessariamente precisa inclinar a mala para que ela se mova. Ou seja, não precisa carregar o peso enquanto arrasta para cima e para baixo.
A regra da sua bagagem para embarcar (e desembarcar) é clara. Você tem que ser capaz de carregar suas próprias tralhas, pois com a correria, vai ser difícil encontrar alguém para te ajudar a carregar. E normalmente você vai encontrar escadas no caminho! Então, nada de levar mais de uma mala. Até porque, o espaço para guardar essa mala vazia na sua cabine é reduzido. E o espaço para guardar suas coisas também é pequeno. Normalmente uma portinha para os cabides, e não mais do que meia dúzia de gavetas de diferentes tamanhos.
Ao final do contrato, depois de meses comprando quinquilharias na Europa, as coisas não cabem mais em apenas uma mala. Eu comprei uma do mesmo tamanho da que eu já tinha, M, em Nápoles. Mas a que eu tinha comprado no Brasil era daquelas semi-rígidas, com uma espécie de tecido que reveste a mala. Depois de 2 contratos ela continua como nova. Já a que eu comprei ao fim do primeiro contrato, do tipo rígida, que parece de plástico, não resistiu a viagem de avião até o Rio de Janeiro. Quando eu a retirei da esteira de bagagem, ela tinha um buraco imenso onde deveria ter uma rodinha…
Então, se tiverem que investir, que seja da semi-rígida, pois ela resiste aos carregadores de mala que vai encontrar pelo caminho. E tente não comprar muitas coisas por ai. Eu sei que é difícil devido aos dólares no bolso e aos preços convidativos. Se não der para se controlar, ao menos tente levar coisas que você vai se desfazer durante o contrato. Como um tênis mais velho, ou algumas roupas que você não quer mais, assim abre espaço para as coisas novas!
A primeira semana a bordo
agosto 20, 2012 às 11:06 pm | Publicado em Rotina, Trabalho | 2 ComentáriosTags: 1ª semana, contrato
De longe é a pior! Se você embarca longe de casa, existe muito intusiasmo dentro de você, mas também vai haver cansaço das horas voadas e do fuso horário. Quando você entra no navio pela primeira vez tudo é diferente. Muita informação ao mesmo tempo. Tem que entregar documentação no crew office, entregar exames no médico, pegar uniformes, deixar suas coisas na cabine e ainda tem os treinamentos! Depois disso tudo, como é que chegava na sua cabine mesmo? Eu me perdi muito nos corredores do navio. E olha que era muito fácil andar lá, já que meu dia se resumia a minha cabine, ao bar, ao refeitório e ao local de trabalho. Depois de 9 meses, não conheci muito mais que isso, e continuei perdida.
Depois desse turbilhão de informações, você começa a trabalhar. Se você trabalha no bar ou no restaurante, tem inúmeras opções de uniforme, praticamente um para cada dia da semana. Mas qual é o de hoje? Usar uniforme errado é um pecado que vai ser cometido muitas e muitas vezes! Assim como esquecer a name tag no uniforme anterior…
No navio tudo tem horário. O bar só funciona certas horas, comida só em horário certo. Eu sempre fui mestre em ficar sem comer porque dormi até 5 min antes de ir trabalhar ou não quis esperar mais 30 minutos o restaurante abrir depois do meu turno.
As saídas aos portos são quase um capítulo a parte. Pois você quer sair e conhecer, mas as vezes só dispõe de 2h. Você deve estar pensando ‘mas 2h é muito!’, e eu respondo ‘não se você leva 15 minutos de ônibus do porto até a cidade (isso se você der a sorte do ônibus estar ali quando você quiser pegá-lo), fora a fila para sair do navio…
Cada minuto de folga na primeira semana será dormido, sem exceção! 30 minutos para jantar viram 20 minutos de sono fácil! Você vai estar tão cansado que comer ou usar a internet com certeza estarão em segundo plano. Tomar uma cerveja no bar ao fim do dia então, só depois de um mês.
A primeira semana é atribulada. Muita coisa pra aprender, muita gente pra conhecer, muitos caminhos para decorar, línguas e nomes diferentes. Infelizmente é nessa semana que muitos dos que estão a bordo pela primeira vez desistem. Tem que ser guerreiro. Tem que persistir ao menos um mês, até as coisas entrarem nos trilhos. Se depois disso você sentir que não é pra você, beleza. Mas antes disso, faltou adaptação.
Mas nem só de coisas ruins é feito o barco. Sempre existem as crew parties. Sejam elas no bar, no refeitório, no open deck ou nas cabines, são onde temos as nossas melhores e maiores memórias. São onde fazemos amigos, interagimos com outras nacionalidades e posições. E é claro, onde relaxamos da dura jornada de trabalho.
Ao final de 6, 8 ou 9 meses, o cansaço é aparente, mas a felicidade também. Felicidade de ter completado uma etapa da sua vida, de ter conhecido muitas pessoas especiais, de ter visitados lugares nunca antes imaginados, de ter uma graninha no bolso, de matar as saudades da família. É isso que vale a pena.
Sobre Vinhos – Parte II
agosto 19, 2012 às 12:01 am | Publicado em Trabalho | 1 ComentárioTags: branco, champagne, protocolo, rosado, tinto, vinho
Depois que a carta de vinhos e as promoções do dia forem devidamente apresentadas e as sugestões feitas, uma pessoa na mesa fará o pedido do vinho. E é a essa pessoa, homem ou mulher, a quem você vai se dirigir a partir dali. Primeiro, apresente a garrafa ao passageiro. Se ele assentir que é esse vinho que ele pediu, limpe, especialmente o gargalo, para retirar eventuais partículas de poeira. Com o pequeno canivete retire o lacre, e guarde no seu bolso. Retire a rolha cuidadosamente para que ela não se rompa e deixe pedaços, com a atenção de deixar o rótulo da garrafa sempre virado aos olhos de quem lhe pediu o vinho. Se a pessoa não fizer menção de pegar a rolha, coloque-a em seu side plate. Sirva um gole para que ele experimente o vinho. Se aprovado, comece a servir as outras pessoas sentadas a mesa, começando pelas mulheres, e por último, quem pediu a bebida.
A garrafa nunca deve ser apoiada na taça. E o truque para não manchar a toalha de vinho é dar um pequeno giro antes de terminar de servir. Jamais encha o copo de vinho até a borda. O protocolo diz que se deve preencher apenas 2/3 da taça, se o vinho é tinto, e 1/2 da taça se é branco ou rosado, para que não perca a temperatura. E somente sirva mais vinho quando houver apenas cerca de dois goles restantes.
Se o vinho é tinto, ele é servido em temperatura ambiente. Se você não serviu a garrafa inteira, ela fica na mesa, aos olhos de quem a comprou. Se o vinho é branco ou rosa, ele é servido gelado, então deve-se colocar o balde de gelo em um apoio, e posicioná-lo ao lado da pessoa que o pediu.
O melhor tipo de abridor é aquele que parece um pequeno canivete. É fácil de manusear, dificilmente vai destroçar a rolha e tem a faca para tirar o lacre.
Sobre Vinhos – Parte I
agosto 18, 2012 às 12:15 am | Publicado em Trabalho | 3 ComentáriosTags: branco, rosado, rosé, tinto, vinho
Você conhece os tipos de uvas mais famosas e de onde elas são? Sabe que tipo de vinho é melhor com peixe ou com carne de porco? Se você está pensando em trabalhar com restaurante a bordo de um navio de cruzeiros deveria saber! Acredite, uma parte da grana que vem para o seu bolso todo mês é da comissão de venda de vinhos. Não é muita coisa, mas já é um começo. E conhecer ao menos o básico é essencial. Verdade seja dita que, quem bebe vinho, como os europeus, conhece vinho muito bem. E por mais que você faça uma sugestão, ele já sabe o que quer. Mas é sempre bom estar ciente. Começando do começo…
Um vinho branco leve, como o Sauvignon Blanc, combina com frutos do mar, massa com molhos sutis (como manteiga e sálvia) e saladas.
Um vinho branco corpo médio, como o Chardonay, combina com pães e queijos, massas com molho branco, carne branca grelhada ou assada, camarões e peixes como truta.
Um vinho tinto leve, como Pinot Noir e o Malbec, vão muito bem com carpaccio, embutidos, peru, massas ao sugo, atum e bacalhau grelhados.
Um vinho tinto maduro e encorpado, como o Cabernet Sauvignon, o Barolo e o Shiraz, casam perfeitamente com massas à bolonhesa, carne branca com molhos fortes, carne vermelha, carne de porco, pato e queijos como parmesão e provolone.
Para a sobremesa, as sugestões são o vinho branco doce, como o Sauterne, ou um espumante demi-sec ou doce, como o Cava e o Champagne Doux.
Blog no WordPress.com.
Entries e comentários feeds.